A fabricação em série de “celebridades” não deixa de me intrigar. O produto final da industria cultural pode não ter utilidade, mas tem objetivo. Em tempos mais ou menos remotos o interesse do povo se voltava para a vida dos ricos: colunas sociais contavam das festas, viagens, escândalos, casamentos, separações, orgias e coisas assim. O Rio de Janeiro, com sua bela paisagem e seus habitantes novidadeiros e criativos sempre lançava moda nessa área, como em outras: nos anos 60 era comum os jovens bem nascidos se juntarem em bandos para “currar” – há quanto tempo não se “curra” mais ninguém, bons tempos aqueles – inocentes virgens que faziam parte das bacanais e queriam ir embora antes da hora.
Tinha até uma instituição quase oficial de jovens plaiboys, o Clube dos
Cafajestes, que se notabilizou nessa atividade tão tipicamente nacional.
O povo acompanhava tudo com avidez nas paginas do O Cruzeiro e Manchete, publicações de altíssimo nível que precederam os canais de TV aberta nessa tarefa de educar e informar os brasileiros. Mas isso tinha um problema sério; era um foco de descontentamento social por que acabava por evidenciar o fosso entre pobres e ricos – classe media é uma invenção recente – porque atraia a atenção dos desvalidos para os excessos do modo de vida dos poderosos. Se isso fascinava e encantava de modo basbaque e inofensivo, também fomentava o ódio social. Depois das muitas revoluções e revoltas populares, seqüestros e assaltos milionários, chegando até à instauração de regimes comunistas no século XX, no mundo inteiro, os ricos aprenderam o valor da discrição. Ninguém hoje em dia sabe quem é o dono do McDonalds, da Coca Cola ou da GM. Um ou outro mais vaidoso que se expõe um pouco mais como esse Eike Batista ou o indefectível Antonio Ermírio de Morais, mas sempre dentro dos limites do aceitável para os tempos atuais. Então o mistério tem resposta simples: celebridades de granja – produzidas em fornadas por programas do tipo reality show, ao contrario das celebridades caipira – produzidas pelos meios convencionais – tem a finalidade de atrair o olhar da plebe e desviar sua atenção dos ricos de verdade. Quer dizer, acabam produzindo um tipo de cordão sanitário midiatico de caráter diversionista que é muito útil para a velha classe dominante que pode continuar com sua vida de luxos e devassidão longe dos olhos ávidos do populacho.
Tinha até uma instituição quase oficial de jovens plaiboys, o Clube dos
Cafajestes, que se notabilizou nessa atividade tão tipicamente nacional.
O povo acompanhava tudo com avidez nas paginas do O Cruzeiro e Manchete, publicações de altíssimo nível que precederam os canais de TV aberta nessa tarefa de educar e informar os brasileiros. Mas isso tinha um problema sério; era um foco de descontentamento social por que acabava por evidenciar o fosso entre pobres e ricos – classe media é uma invenção recente – porque atraia a atenção dos desvalidos para os excessos do modo de vida dos poderosos. Se isso fascinava e encantava de modo basbaque e inofensivo, também fomentava o ódio social. Depois das muitas revoluções e revoltas populares, seqüestros e assaltos milionários, chegando até à instauração de regimes comunistas no século XX, no mundo inteiro, os ricos aprenderam o valor da discrição. Ninguém hoje em dia sabe quem é o dono do McDonalds, da Coca Cola ou da GM. Um ou outro mais vaidoso que se expõe um pouco mais como esse Eike Batista ou o indefectível Antonio Ermírio de Morais, mas sempre dentro dos limites do aceitável para os tempos atuais. Então o mistério tem resposta simples: celebridades de granja – produzidas em fornadas por programas do tipo reality show, ao contrario das celebridades caipira – produzidas pelos meios convencionais – tem a finalidade de atrair o olhar da plebe e desviar sua atenção dos ricos de verdade. Quer dizer, acabam produzindo um tipo de cordão sanitário midiatico de caráter diversionista que é muito útil para a velha classe dominante que pode continuar com sua vida de luxos e devassidão longe dos olhos ávidos do populacho.