Uma das coisas mais estranhas com que me deparo nos tempos que correm é a constatação de inversões radicais de conceitos que pareciam sólidos. O trocadilho “evasão de privacidade” é muito significativo: no passado as pessoas se ofendiam com a invasão de sua privacidade, com a intromissão alheia em sua intimidade. Hoje elas se ofendem se não o fizerem.
O big brother original do clássico romance distópico 1984, de George Orwell, era um monstro de opressão individual e controle social; hoje é objeto dos sonhos das massas.
O conceito de “reality show” exprime bem essa situação. Ninguém espere que eu vá criticar os programas televisivos com esse formato; mal tenho uma idéia do que se trata. Mas como diz o caboclo do sertão de Minas: “não sei de nada, mas desconfio de muita coisa”. A indústria da futilidade e do ridículo, traduzida pelas estripulias das celebridades, de que vivem as TVs, filmes, revistas, jornais e coisas assim, não pode prescindir de certa “massa crítica” das tais celebridades que antes surgiam de geração espontânea de sua própria atividade midiática. Os “artistas” das novelas, cantores, modelos e atrizes apareciam naturalmente, e sua vida, com escândalos produzidos sob medida, servia de alimento para o indigente imaginário de um proletariado urbano cada vez mais condicionado e embrutecido. Mas a partir de um certo ponto parece que a produção “natural” de tais celebridades já não era suficiente para alimentar a demanda crescente.
Os “reality shows” então meio que surgiram como uma usina de famosos, uma indústria de personalidades com as quais as massas podem se identificar e sonhar. E podem mesmo se tornar uma delas, imaginam. Um ovo de Colombo.
E para ficar no mundo da cultura pop televisiva, desconfio que isso tambem explique a recente popularidade dos filmes de zumbis, mortos vivos que vagam por corredores de shoppings centers, batendo a cabeça nos vidros das lojas, e cambaleando a procura de cérebros para devorar. Muito esquisito... muito esquisito esses tempos modernos.
O big brother original do clássico romance distópico 1984, de George Orwell, era um monstro de opressão individual e controle social; hoje é objeto dos sonhos das massas.
O conceito de “reality show” exprime bem essa situação. Ninguém espere que eu vá criticar os programas televisivos com esse formato; mal tenho uma idéia do que se trata. Mas como diz o caboclo do sertão de Minas: “não sei de nada, mas desconfio de muita coisa”. A indústria da futilidade e do ridículo, traduzida pelas estripulias das celebridades, de que vivem as TVs, filmes, revistas, jornais e coisas assim, não pode prescindir de certa “massa crítica” das tais celebridades que antes surgiam de geração espontânea de sua própria atividade midiática. Os “artistas” das novelas, cantores, modelos e atrizes apareciam naturalmente, e sua vida, com escândalos produzidos sob medida, servia de alimento para o indigente imaginário de um proletariado urbano cada vez mais condicionado e embrutecido. Mas a partir de um certo ponto parece que a produção “natural” de tais celebridades já não era suficiente para alimentar a demanda crescente.
Os “reality shows” então meio que surgiram como uma usina de famosos, uma indústria de personalidades com as quais as massas podem se identificar e sonhar. E podem mesmo se tornar uma delas, imaginam. Um ovo de Colombo.
E para ficar no mundo da cultura pop televisiva, desconfio que isso tambem explique a recente popularidade dos filmes de zumbis, mortos vivos que vagam por corredores de shoppings centers, batendo a cabeça nos vidros das lojas, e cambaleando a procura de cérebros para devorar. Muito esquisito... muito esquisito esses tempos modernos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário