quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Isso te parece familiar?

Há um conto que queria reler e não tenho certeza do autor, mas acho que é do Monteiro Lobato. Se alguém souber do que se trata gostaria de ser informado no espaço dos comentários. Não sei pq, mas tenho pensado muito nessa história recentemente. Diz que um padre do interior sentia-se particularmente incomodado com a atitude das beatas, que repetiam as palavras das práticas – sermões, missas, pregações, rezas dos livros, mandamentos e preceitos – com total automatismo e sem nenhuma reflexão ou sinal de compreensão do verdadeiro sentido das coisas ditas. Uma devota, particularmente assídua e fiel, desgostava o zeloso pároco. Um dia ele resolve chamá-la em seu gabinete e explicar essas coisas, até pq era consciente também de seu papel de educador do rebanho. A pobre mulher a tudo ouvia e concordava, confusa entre o orgulho pela atenção especial do padre e certo constrangimento pela repreensão. O padre, apesar de seu esforço heróico, percebia que não estava conseguindo se fazer entender, e já sem tempo para o próximo batizado, resolve que iria escrever tudo o que dissera, para que a beata pudesse ler com tempo e calma de modo a melhor apreender seu conteúdo. Assim fez, e dias depois entregou o pequeno discurso escrito em algumas laudas em letras grandes e palavras simples, recomendando á ovelha pouco afeita às atividades intelectuais, tantas leituras quanto as que achasse necessárias para apreensão do sentido de sua prédica. Dias depois, já quase esquecido do episódio, percebe a fiel discípula correndo alegre em sua direção, com as folhas de papel na mão, e exclamado plena de certeza de ter atendido às recomendações do pastor:
- Padre, padre, decorei tudo, tudo..tudinho...

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