domingo, 21 de março de 2010

Vivendo na Matrix

O cinema é a maior diversão, dizem os publicitários...
E talvez seja mesmo..mas pode ser também uma forma de reflexão muito interessante e eficaz, de mais de um século de existência, que atraiu o interesse de muita gente boa nesse tempo, mas que nunca entrou no cânone das artes sérias, por carregar o estigma de sua origem e vocação popular. Mas por não ser levado a sério ele pode tratar de coisas sérias e ainda assim gerar muito dinheiro, de modo inconsequente e doidivanas.
As vezes denuncia seus próprios mecanismos de manipulação, na forma de uma grande espetáculo do gênero, como O Show de Truman, onde diz com todas as letras que não passamos de patetas integrantes de um reality show e que nunca tivemos vidas autônomas ou ideias próprias, “vivendo” em um realidade cenográfica fajutérrima. Mas o filme que melhor tratou do tema no registro grande-espetaculo-de-correria-e-ação foi Matrix, o primeiro (os outros não tem nada a ver) onde somos informados de modo ainda mais contundente e isento de sutilezas que somos apenas fontes de energia barata (trabalho mal remunerado) parasitados por aliens cruéis, gananciosos e invisíveis (capitalistas globalizados pós muro de Berlim) manipulados por um programa global de realidade virtual que nos faz pensar que levamos uma vida deslumbrante, livre e excitante (televisão). E tudo isso pode ser exibidos nos mesmos veículos que produzem a falsa consciência (cinema, televisão, dvd) porque, simplesmente, como o serial killer que se sente muito seguro de sua competência e esperteza e zomba da policia espalhando pistas de sua identidade, os manipuladores sabem que os manipulados não podem fazer nada com a informação que recebem, e na maioria dos casos nem vai entender a charada óbvia. Admirável gado novo, somos todos nos dias que correm.

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